sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Nosso maior erro

     Na nossa sociedade atual, onde os paradigmas são pregados na parede, você adquire concepções inadequadas que refletem na sua vida. Em determinadas situações, você se depara com o medo de errar, o medo de que possa ser um desperdício, medo das consequências que tal situação pode te trazer. Então você prefere desistir, mas acaba cometendo o maior erro, o erro de não tentar. Não adianta pensar que todas as escadas de sua vida serão escadas rolantes, se você não der um passo a frente, esqueça, você não sairá do lugar. O ser humano tem um potencial incrível, mas também tem um incrível potencial de apenas sonhar.  Se o sucesso é eminente, há um domínio claro que o fracasso é evidente, só que não deveria. É de se entender que a possibilidade de haver uma perda pode ser muito prejudicial, há limites para tudo nessa vida, mas não se limite a tentar mensurar até onde você pode chegar. Algumas coisas são óbvias, e o que não for, erradique. Temos tanto a aprender, que até mesmo um erro se torna um acerto diante da magnitude do aprendizado, da vivência em essência. Não aceite ser uma nuvem passageira, seja a tempestade, seja a chuva que rega e rejuvenesce por onde passa. Deixe marcas.

sábado, 23 de agosto de 2014

Meus momentos

     Eu tenho meus momentos, eu tenho meus vários momentos. Por isso, em determinados dias, eu desligo a luz do quarto, ligo o rádio, escolho a música mais triste, deito na cama e fecho os olhos. Esse é meu melhor momento. A partir daí, imagens começam a passar pela minha cabeça, as melhores imagens possíveis, ou as melhores cenas, o espetáculo da vida, aquela que eu imagino ser realmente feita para mim. Isso me traz uma sensação de liberdade, de longevidade, tudo fica tão pequeno perto de mim. Essa sensação me traz um arrepio, um aperto no peito, na maneira mais positiva, do âmago resplandecendo, surgindo aos poucos, algo surreal. 
     Faço isso sempre que preciso, quando me sinto perdido, ou preso em algo do passado, que de tempos em tempos, remói-me por dentro. Há de se entender que no meu íntimo está tudo bagunçado, e minha vida é tentar organizar, porém, não vejo tarefa mais difícil. Eu começo tentando saber por onde começar. Depois sigo tentando saber por onde seguir. Em seguida, eu acabo entendendo o que eu achava já entender, o que me leva a pensar que posso estar errado, então eu volto ao começo, agora sem saber como recomeçar. Surge a aflição, tristeza no peito. Por mais estranho que pareça, isso me faz um bem tão grande, porque eu sei que, independente de qualquer coisa, de qualquer impressão, de qualquer pensamento negativo que eu possa ter tido, apesar de qualquer sensação de fracasso, eu dei um passo adiante. Mesmo que tenha sido um pequeno passo, ele foi grande só por ter sido para frente, pois o meu maior medo é ficar parado.
     Meu quarto ainda está escuro, a música ainda está tocando, mas a energia que me rodeia está completamente diferente. Sinto-me melhor a cada segundo. Pois não importa o que te abala por dentro, não importa o que te deixa infeliz, não importa o que ou quem te faz mal, é tudo passageiro, é apenas um momento, dos vários momentos. Logo depois você vai se perceber sorrindo, vai se perceber melhor. Mesmo que você não tenha conseguido resolver os problemas que ontem te abalavam, se encontras a paz dentro de ti, terás uma nova visão de tudo, e junto de novas visões, temos novas soluções, talvez um problema resolvido, por que não?
     Eu reconheço que hoje eu vivo isso, reconheço que tenho dentro de mim um velho sentimento, um velho sentimento disfarçado de novo. Já habitou em mim tantas vezes, e ele sempre vem de maneiras inesperadas, pegando-me de surpresa. Mesmo que isso me faça mal, por não saber lidar com essa situação, com esse sentimento, eu sei que tudo se resolverá. Talvez da maneira que eu espero, talvez não. Isso realmente não importa, pois quem bate a minha porta, se não implora, não me rega, e se não cresço, não dou flores, não crio amores, não espalho o fruto. Pois para o bem de quem não me intimida, no mais vasto do meu íntimo, com um suspiro rasteiro, de mãos quentes em meu peito: se não me encontra, não me habita. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Foi um engano

     Bateram a porta de minha casa logo cedo, mas foi apenas engano. Logo mais, meu telefone tocou, fiquei surpreso, meu coração palpitou, ensaiei infinidades de diálogos, e quando fui atender, apenas mais um engano. Percebi que aquele não era meu dia, como os outros também não foram. Eu sempre me enganando, criando expectativas, que surgem de nem sei o que, talvez para suprir a falta de algo que eu também não sei o que é. Tudo um engano. E isso cansa. Eu canso de sempre cair na mesma rede. Não é nada novo para mim, mas mesmo assim, vejo-me nas mesmas circunstâncias que ontem eu não achava mais possível vivenciar. Mas eu vivencio, e muito fácil. É um mundo dentro de mim que não tenho controle, e acredito que ninguém tenha. São os desejos que surgem, e não nos contemos, mesmo que depois, quando paramos para pensar, vemos que foi um erro, que tudo podia ter sido diferente. Então dizemos "depois dessa eu aprendi, é passado, bola pra frente", a bola rola, e como rola, rola rápido e para frente, mas bate na parede e volta tudo de novo. 
     Ok, estamos aqui mais uma vez, a diferença é que estou conformado, essa é a única diferença, porque eu sei que continuarei criando expectativas, criando um mundo em minha volta, revisitando o mesmo sonho, e isso faz parte, eu tenho uma imaginação fértil. Então eu me dou conta de um paradoxo: minha imaginação me faz viver, me faz querer, a cada dia, viver esse esplendor que Deus me proporciona, mas ao mesmo tempo, ela cria em mim o maior dos enganos, o maior dos erros, cria a expectativa, a projeção. 
   Mas no fundo eu ainda acredito, sempre na esperança de que eu posso estar errado em não acreditar, ou seja, o engano está em toda a parte, e eu já me conformei com isso. É um aprendizado tão simples e glorioso. Eu aprendi que Deus quer que eu seja paciente, quer que eu olhe adiante, que eu seja transcendente. O agora já passou só de eu escrever essa última palavra, é a arte do engano de achar que se enganar é ser ingênuo, sendo que ser ingênuo é não acreditar. E eu acredito, até a última gota dessa chuva cair.
Creative Commons License
Klauss Diary by Gabriel Barbosa is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivs 3.0 Unported License.