terça-feira, 5 de abril de 2016

Resignação

Não é fácil se redimir,
Olhar o chão e aceitar.
Ver aquele corpo caído,
Saber de nossa culpa
E chorar.
Não é fácil nascer primavera
E no verão ter que mudar.
No momento,
Avante em que nos persiste,
Sabemos que nada nos assiste
Quando depois do inverno
Eu tiver que voltar.

Saber da minha realidade
Eu sei, mas não aceito.
Sempre me acho perfeito
Em achar em mim defeitos
Que surgiram
De tanto eu falar.
Reconheço-me como um ser
Que morre todo dia.
Cai meu corpo, e me vejo
Deitado sobre o meu desejo
De respirar o meu próprio ar.

Meu Deus,
Como eu gostaria de mudar;
Aprender a escutar
E lidar com meus problemas;
Lavar a alma
E vê-la serena;
Respingar as gotas
E amanhecer sozinho.

A cada troca de pele,
A cada nova estação,
É um dia que se perde
Mas se ganha ambição.
A cada renascimento,
Eu descubro o momento
Em que me vejo livre
Desse peso que insiste.
Eu me vejo livre
De tudo que não absorvo.

Cuidar-se, como se cuida
De seu bem mais valioso,
Não se deixar empoeirar.
Saber amar como se de longe
O mundo também soubesse amar.
Aprender a dizer não,
Quando o sim é mais fácil,
Mas te dói.
Saber suportar aquilo
Que por dentro destrói,
E limpar-se do resquícios
De um passado
Que não passou.

Não és o mundo,
Está tudo tão longe de ti.
Então faça surgir
Lá do fundo,
Tudo que te faz sorrir.
E sorria.
Prender-se aos outros
Não te favorece.
Prender-se ao passado
Não te engrandece.

Reviver não é viver,
É se submeter ao sofrimento.
Guardar rancor
Não é reconhecer,
É se ver no lamento
Das experiências passadas
Que te causaram dor.

No fim de tudo,
Apenas desprenda do corpo,
Escute-me aos poucos,
Torne-se mudo.
Então aprenderás
Que sua alma ainda vive,
E o peso que em ti
Ainda persiste,
A tudo resignarás.
Creative Commons License
Klauss Diary by Gabriel Barbosa is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivs 3.0 Unported License.