Era neve em seu olhos
Uma lágrima que durou
Uma estação inteira
Mas não foi certeira
Em esquecer o que passou
Era pedra em seu sapato
Sujeita ao disparato
Abrindo mão da esquiva
Deixando-se acertar a ferida
E covalecer sem tentar
Era prato sem pano
Acumulando sujeira
Após acumular tanto encanto
E de ouvir tanta asneira
Virou-se um prato sem fundo
Ele era mundo
Mas agora virou areia
Da praia bem na beira
Água do poço fundo
Seco e assentado
Há quem ache ruim
Ele não sabe o que acha
Porque a vida que passa
É esse constante vazio
Preenchida com muito nada.