terça-feira, 28 de julho de 2015

Outono

     Mais uma folha seca que caiu ao chão. Ela nem voou. Desceu reta, certeira, nem planar sobre o vento ela planou, foi direta ao chão e ali ficou. Talvez não quisera ficar mais tempo observando lá de cima. Nem deixou o vento a controlar e dizer-se livre por onde o destino a quiser levar. É de se entender, claro, ela que nasceu no topo, no mais alto galho de contemplação, houve de sempre observar tudo de longe, em uma vista privilegiada, mas não o privilégio de ser contemplada. Cair ao chão era seu único destino, não tinha outra escolha, talvez pensara "então que eu caia logo de uma vez", quisera ser direta a por um fim no seu destino, o destino de outono. A renovação que se vem com o tempo. Das folhas poucas ao chão, ou das que ainda permanecem, tudo se vem no ciclo, as folhas mudam, mas a árvore só cresce.
     E assim somos nós, sobrevivendo a cada estação, mudando a cada momento, vivendo a cada mudança e se renovando a cada tormento. Sendo o tempo o tormento de muitos, não necessariamente o tempo das horas, mas o tempo das decisões, o tempo que parece estar desesperado, ou o tempo preguiçoso demais. Eu até tento definir meu tempo, mas só tenho tempo para me desesperar. Muito ansioso para viver a cada momento, mas muito apressado para ver tudo acabar. Então acabo definindo meu tempo como desocupado-proativo, o tempo que é capaz de fazer de tudo para que acabe não fazendo nada. Ou talvez eu que seja assim, um louco inconformado cheio de algemas dentro de mim, querendo fazer de tudo para que no final eu tenha o tempo só pra mim.
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