segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Até você

     Não se faz mais nenhum segredo, já não tenho medo de me entregar. Encontro paz quando eu te vejo, é daquele jeito que só você faz. Quando eu te vi, pela primeira vez, eu soube dar o valor que você me deu. Na praia e você ali, com o sol no amanhecer, a vida me mostrou o primeiro passo que eu tinha que dar para te mostrar: que em partes, quando um coração distante olha em sua direção e faz eu me mover até você, é porque tinha que ser.

domingo, 23 de novembro de 2014

Correspondência

     A correspondência que eu te escrevi chegou? Era noite, agora é dia, então veja a minha alegria de saber que eu finalmente consegui te escrever. Foram meses apenas olhando seu retrato que preguei na geladeira. Era esse retrato que fazia eu me perder todas as manhãs, quando eu ainda estava com sono, não liberto dos sonhos, então eu abria as asas e começava a voar. Era um sonho meio que fora do foco, meio que sem destino e sem meio, partia do sul ao norte sem norteio e acabava desnorteado. Eu virava um anjo pacífico e pálido, nascia no mar do atlântico e morria no ártico, com minhas asas cortadas após o primeiro gole de café. Agora é vida normal, é vida que segue. Tenho alguém me esperando na sala, alguém que me acolhe a noite e me liga à tarde, às vezes já meio tarde, e às vezes nem me liga. Quando termino o café, organizo meus horários e sigo meu dia. 
     Porém eu apenas gostaria de saber se minha correspondência chegou. Na verdade, gostaria mesmo que tudo que estou pensando agora entrasse por um tubo e fosse direto a você, que você checasse suas cartas, lesse o que eu te escrevi e me respondesse algo. Ou melhor, se fosse assim, tudo seria mais fácil. Acho que nem precisaria te escrever carta alguma, porque se você pudesse ler os meus pensamentos, saberia de tudo que está guardado aqui dentro e entenderia o que sinto por você.

domingo, 9 de novembro de 2014

Sobre ela

     Eu mergulhei fundo em um sonho profundo no silêncio da noite, deitado ao seu lado, mar de céu estrelado que reflete seu olhar, no suave desejo de estar nas memórias de uma fotografia. Ela me une a seus braços, o elo perdido que faz eu me perder. Eu que vivo em outro mundo, uma outra realidade, onde os livros não dizem tudo, apenas a mais pura verdade. 
     Encontro-me, agora, entre dois mundos, o meu e o dela, um beco e uma viela, um beijo e um aperto de mão. Ela abriu seu coração, e eu estou aqui tentando conquistar a confiança dela, sem pressa, sem medo e sem preocupação. Pois eu tenho ao meu lado uma garota tão linda, que nem ela tem essa noção. Ela não se acha muito interessante, e eu acho interessante ela se sentir assim, porque se isso fosse verdade, o que eu estaria fazendo aqui? 
     Você já teve a impressão de que o mundo lá fora parou e só o seu continuou? É mais ou menos isso que eu sinto quando eu estou com ela. Nada mais importa, porque já me importei o bastante. Hoje eu apenas bato a porta, seguro a mãe dela e a peço para que eu seja o primeiro: aquele que a faça entender que para dois estarem juntos, ambos precisam se encontrar inteiros; que a faça enxergar um mundo o qual ninguém até hoje conseguiu; que a faça sentir algo que ela achava saber existir, mas nunca sentiu; que esteja ao seu lado a cada momento importante, a cada momento difícil, pois se for difícil, que eu me esforce para o tornar fácil; que possamos compartilhar os nossos momentos de felicidades, ou aqueles não tão felizes, dos aprendizados, dos fracassos, e que na dor eu a dê amor. 
     Pode parecer audacioso de minha parte, mas eu sou assim, eu vivo no topo do mundo, e é difícil alguém me fazer descer, eu só desço se for para buscá-la, para que então possamos subir e crescer. Por isso eu a peço que eu seja o primeiro, porque eu sei que temos muito o que viver. E eu não estou sendo sonhador, apenas tenho confiança no que sinto.

Creative Commons License
Klauss Diary by Gabriel Barbosa is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivs 3.0 Unported License.