domingo, 23 de novembro de 2014

Correspondência

     A correspondência que eu te escrevi chegou? Era noite, agora é dia, então veja a minha alegria de saber que eu finalmente consegui te escrever. Foram meses apenas olhando seu retrato que preguei na geladeira. Era esse retrato que fazia eu me perder todas as manhãs, quando eu ainda estava com sono, não liberto dos sonhos, então eu abria as asas e começava a voar. Era um sonho meio que fora do foco, meio que sem destino e sem meio, partia do sul ao norte sem norteio e acabava desnorteado. Eu virava um anjo pacífico e pálido, nascia no mar do atlântico e morria no ártico, com minhas asas cortadas após o primeiro gole de café. Agora é vida normal, é vida que segue. Tenho alguém me esperando na sala, alguém que me acolhe a noite e me liga à tarde, às vezes já meio tarde, e às vezes nem me liga. Quando termino o café, organizo meus horários e sigo meu dia. 
     Porém eu apenas gostaria de saber se minha correspondência chegou. Na verdade, gostaria mesmo que tudo que estou pensando agora entrasse por um tubo e fosse direto a você, que você checasse suas cartas, lesse o que eu te escrevi e me respondesse algo. Ou melhor, se fosse assim, tudo seria mais fácil. Acho que nem precisaria te escrever carta alguma, porque se você pudesse ler os meus pensamentos, saberia de tudo que está guardado aqui dentro e entenderia o que sinto por você.

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