sexta-feira, 13 de abril de 2018

Singular

     Nós sempre achamos que sabemos o que estamos fazendo, então eu espero que eu saiba o que eu estou fazendo. Nós sempre achamos que sabemos o que estamos sentindo, então eu espero que eu saiba o que eu estou sentindo. Esse é o problema, não é? Em tudo, queremos achar os cálculos envolvidos na percepção dos sentimentos, como se houvesse uma boa explicação para entender o porquê do amor, antes mesmo de poder, até, defini-lo. Não irei me ater a explicações lógicas, por mais que eu sempre as tente conhecer.
     Prefiro falar das sensações, dos gestos, dos atos, das expressões que me encantam. É genuíno e, ao mesmo tempo, mais fácil de se compreender. As percepções estão assentadas no empírico, nas experiências vividas, nos deleites apreciados pelo senso comum. Então, quando você me pergunta por que eu te amo, é muito difícil de responder ao certo. Mas posso reduzir a resposta em: o que você me faz sentir. E posso ir mais além, até onde minha consciência consentir.
     Eu começarei pelo cuidado. Quando nos conhecemos, ou melhor, quando nos vimos pela primeira vez, eu a avistei de longe. Você me procurava. Olhava meio confusa aos arredores, perguntando-se: onde ele se meteu? Fui em sua direção, os primeiros olhares recíprocos surgiram, os primeiros sorrisos. Foi tudo muito natural. Éramos desconhecidos, mas não, não parecia. Nos primeiros contatos, seres de energia que somos, eu já tive a primeira sensação: alguém cuidadosa com as palavras, com as atitudes, extremamente receosa em fazer as pessoas se sentirem bem. Você tem esse cuidado, por mais que o perca em momentos peculiares.
     Abraço. Esse é outro ponto importante, e daqueles inexplicáveis. Eu tenho meu corpo; você, o seu. Mas por que essa sensação de unicidade quando nos abraçamos? Algo me diz: fique aqui. É como se sentir coberto pela água do mar. Mas uma água fria, que impacta no começo e, depois, nos acolhe, acalma. Tudo que eu sinto é a vontade de ficar ali, nada mais. O mundo? Ele pode esperar. A casa está em chama? Tudo bem, a chuva apaga. Preocupações? Não existem. Mas há outros tipos de abraços: aquele com sorriso subsequente, acompanhado pelo olhar expressivo; aquele abraço que diz "estou insegura" ou "estou cansada, vou me encostar aqui"; aquele, por causa da saudade, abraço bem apertado, entre outros.
     Agora seguimos com a paz. Essa sensação é criada em situações antagônicas. Mas, olha, ela está ali. Tem horas que eu quero que sejamos pássaros, acalentados pelo sol das 6 da manhã, após um chuvisco, que apenas molhou as flores e ressaltou o aroma de terra molhada. Então, como pássaros, voamos livremente. Rumo desconhecido. Só seguimos e seguimos, porque não importa onde estamos, só importa é que estamos. Então é isso que você me traz, a vontade de sair por aí, despreocupado, em paz. Mas, em oposição, às vezes, eu só queria estar parado, e assim permanecer. Só existir. Uma estátua posicionada no topo de uma colina, apenas apreciando o horizonte. Pelo visto, a paz vem não é pelo que estou fazendo, mas sim com quem estou naquele momento. Você.
     E o sorriso? Não há como competir com o seu sorriso. Ele é lindo, expressivo, diz tudo o que você está sentindo, em todas as suas variações. Você sempre fala do meu, mas é o seu que eu admiro. Seja ele sem graça, envergonhado, sarcástico, espontâneo, incontido, alegre, desesperado, nervoso; seja ele e sua causa quais forem, o importante é vê-lo. E sempre será. É meu combustível, minha motivação. Ele e suas inúmeras finalidades, que vão de trazer esperanças a trazer calma. Um sorriso favorito? Aquele acompanhado dos olhos cerrados, cabeça inclinada para o lado, expressando: qual o seu problema, garoto?
     Por fim, mas só por agora, a impaciência. Não, ninguém gosta de pessoas impacientes. Mas, de certa maneira, eu acho engraçado quando você fica impaciente, ainda mais quando você quer saber alguma coisa. E é bem fácil fazer isso acontecer:
- Se liga...
Pronto, se eu não falar nada após isso, você fica emburrada. Sorte minha que sempre uso o celular no silencioso. Então, para praticar a paciência, que é algo sempre positivo em nossas vidas, eu deixarei o restante do texto para depois. Você vai dizer: ah, mas você está fazendo isso só porque está com preguiça de continuar. E é verdade, você me conhece muito bem. Há muito o que escrever sobre você, sobre a nossa história, mas tudo virá em seu devido momento. Porém, antes de concluir, eu não posso esquecer de uma coisa, se liga...

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