quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O carteiro

     Sou um carteiro um tanto feliz, caminhando entre ruas repletas de pessoas simples, gramado reluzente e verde, pichações nas paredes, vozes que não reconheço e nem entendo, com uma trilha sonora regida pelos pássaros e som dos carros, apenas seguindo uma trilha com o talento de esculpir, mesmo que de forma árdua, nossa maneira de viver e sentir, trilha tal que nos mostra que é necessário viver, mas que para viver, precisamos sobreviver, definir, ceder, provir, prever, saber, sentir, cair, rever, e então reerguer. Nem sempre nossos sonhos estão sendo sonhados com a mesma frequência e intensidade, mas continuam ali, mesmo que esquecidos por alguns segundos, minutos, eles não deixam de existir. Pois, oras, eu sou um carteiro feliz. Eu vou até as pessoas, entrego as boas novas, que às vezes nem são tão boas, mas necessárias. Conheço essas vielas curvas e cinzentas como a palma de minha mão. Posso parecer perdido, mas estou apenas perdido em meus pensamentos, eles voam longe, voam tanto quanto meu desejo de voar, pensamentos esses que refletem em meus olhos, mudam meu semblante, tornando-me mais vivo, vivo entre as vielas, apesar de não parecer. Sou carteiro, ando por aí, estou em todos os lugares mesmo que não pareça e ninguém perceba. As pessoas só me vêem ou percebem que passei quando faço uma entrega. Isso é meio frustrante, confesso, mas não há de ser sempre assim, meu caminho eu hei de mudar, não será mais o caminho das cartas a serem entregues, será o meu caminho, o caminho de uma criança que irá jogar bola, de uma pai que irá passear com seu filho, de um marido que entregará cartas apenas para uma pessoa.

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