sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sem querer

Já era tarde quando tudo se foi
Meus livros, minhas cartas
Nada restou, apenas papeis vazios
Assim como meu olhar
Vago e distante
Buscando algum semblante
Nas sombras turvas dessa noite

Agora amanhece ligeiramente
Cidade ainda adormecida
Ouço quase nada
Apenas assovios passageiros
Do vento frio dobrando as esquinas

Os primeiros passos aparecem
Primeiras gargalhadas
E um primeiro sorriso
Que me faz sorrir
Assim mesmo, sem querer

Ela é bela, assim mesmo, sem querer
De uma sutileza ímpar, mesmo sem querer
Ousada, talvez por querer
E me conquista a cada segundo
Assim mesmo, sem querer

Mas não sei o que acontecerá
Apenas sei que tenho folhas soltas
Livres, desimpedidas
As quais pretendo enriquecer
Com minhas palavras
E uma nova história
Que nasceu, assim, sem querer.

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