domingo, 24 de março de 2013

Música

     É o que me mantem vivo, e me abriga em seu refúgio alastrado pelos pensamentos. É o que me conduz como um guia em uma longa viagem à desconhecida cidade, sem ancestrais, sem vida, nem ida, quem dirá volta, prendendo-me a sua volta e me mantendo em pé. Forte, alto, ávido de glória, o mastro do meu navio. Intercepta a fuga desvairada, inclina o percurso para mais uma nova jornada. Não desmerece as meretrizes, revitaliza os despreparados, mastiga a dor em meu coração, transforma meu brilho em oração, repugna minha tristeza, prolifera minha natureza, traz as bençãos dos meus irmãos, transforma rios em mares navegáveis, faz de meu ar mais vivo e oferece tudo que preciso. Porque não vivo sem essa canção, não vivo sem essa melancolia, sem esse cantar, um clamar quase divino, uma mensagem sonora quase visível que transcende qualquer tipo de limitação, traduzindo aquilo que se passa em meu coração, todas as emoções, todos meus motivos e razões, das clarezas mais permissíveis, que me permito escutar, pois não vivo sem música, até mesmo sem dançar.




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