domingo, 3 de fevereiro de 2013

Dentro do meu quarto

     Dentro do meu quarto a luz não há mais, o retrato velho já não me satisfaz, o guarda-roupa não guarda o que peço, quando olho para cima não vejo o teto. A poeira ainda reside, tento varrer mas ela insiste. A única forma foi aprender a conviver com ela, aprender a conviver com o que não me faz bem. Pois não adianta tentar reorganizar agora, se logo a bagunça vem.  Então, não luto com essa desordem, apenas deixo que me moldem, finjo e rio desse sistema que insiste em me fatigar. Por dentro do meu quarto tudo está colorido, pois não há uma ordem, nada faz sentido. As roupas estão jogadas no chão, os sapatos ficam pendurados, as meias encima da televisão, os quadros tortos quando na parede pregados. Meus instrumentos ficam encapados para fugir da sujeira, aos menos nisso eu sou cuidadoso, prevenindo o prejuízo de certa maneira. As paredes já se acostumaram com o mofo, mesmo não sendo em tempos de chuva. Já pintei-as várias vezes, mas o clima não muda. Conviver nesse contraste de representações me consome, busco forças quando estou esgotado. E quando me rendo ao cansaço, em minha cama eu me deito, durmo e acordo apenas no outro dia. E sempre que acordo, olho ao redor e percebo que tudo aqui merece o meu apreço. Se meu quarto está bagunçado, é tudo a minha culpa. Nada justifica os motivos de minha insulta. Hoje, eu posso acabar com esse desprezo. Não é plausível destratar quem me acolhe desse jeito. 

- E ai, vamos arrumar essa bagunça?

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